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domingo, 28 de agosto de 2011

Viagem final

Hoje olhei-te mas apenas acedi a uma parte do que eras. Talvez o facto de não existires me impeça de te perceber tão bem como outrora. A tua pele ganhou de repente um tom pálido e baço. Não percebo para onde foi o brilho dos teus lábios rosados e o teu toque sensual. Os teus olhos fecharam-se para sempre? Para sempre é até nunca e nunca é impossível de alcançar. Tenho medo de te olhar nesse leito onde não estás. Cobrem o teu corpo flores mortas como tu, centenas de flores feias de que ninguém gostou. Aproximo-me desse corpo imóvel e as lágrimas correm em cascata. Tenho medo. Tenho medo do que desconheço, tenho medo de deixar o teu corpo frio sete palmos abaixo do meu corpo quente e com vida. Somos tão iguais e tão diferentes neste ponto em que o teu percurso termina e o meu se inicia. sou só eu agora sem saber. Sou só eu que corro e salto e beijo borboletas que voam no ar. Beijo esses lábios na ilusão de te beijar a ti mas o que sinto não é nada, apenas ilusão de um presente que não virá.

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